A Balada do Artista de Rua
Por Bandoleiro Russo
Diz o menino, com frio,
Faminto, drogado, na calçada.
Ouve-se da bem sucedida balzaquiana,
Que mostra as fotos do idolatrado filho,
Ou da viagem que fez com as amigas:
Como qualquer ser humano,
Tudo que quero é ser amado...
Divaga, calado,
O homem engravatado,
Que fez de tudo por poder,
Dinheiro, posse,
Petulância e fama.
Deixou para trás a ética,
O prestígio de algum sentimento
Que não seja o de ganhar e ter.
Bem como seu funcionário,
Que se afoga, depois do trabalho,
Na cachaça e no torresmo,
Com a amante bêbada, no boteco,
Fumando um cigarro barato:
Como qualquer ser humano,
Tudo que quero é ser amado?
Berra o artista! O artista!
Em desespero...
Já não mais sabendo
Dar-nos à mostra
O fingido natural,
De tanta procura,
Forjando transcendência,
Com ciúme
E mais ciúme,
Forma e conteúdo...
Hoje ciente,
Eu que estudei,
O que querem os outros
E tanto me dei
Inteiro e achando
Que aquilo bastava...
Hoje eu sei! Hoje eu sei!
Dizer não;
Eu não posso!
Como qualquer ser humano,
Tudo que quero é ser amado!
Também o egoísta e o pusilânime;
Também o corajoso e o altruísta;
O leal e o judas,
Em comum, têm o medo,
De não ver resultado
No produto de seu empenho.
Assim, nasce um ódio,
Dinâmico e tirano,
Entre quem,
Em confronto,
Dá mais do que quer
E quer mais do que dá,
Exigindo,
Rancoroso:
Como qualquer ser humano,
Tudo que quero é ser amado!
O que dizer dos crentes
Que abraçam o vento,
Como se abraço fosse?
Deixe-os!
Se suas palavras são de amizade,
Qualquer que seja seu esteio,
Eu respeito!
De certo a mulher,
Com o olhar e a postura,
É só o que pede,
De ternura, em ternura,
Para quem já deu tanto.
Seu crédito é o parto;
O que dá é a vida!
E, pelo choro da cria,
Ela já sabia!
Como qualquer ser humano,
Tudo que quer é ser amado...
Tendo em vista,
Por décadas,
Tanta evidência,
Não me envergonho,
Nem coro,
Por admitir.
Continuo a pedir! Continuo a pedir!
Aplauda esta ideia e vá por aí,
Fazendo minha propaganda!
Alardeie que fui eu quem disse;
Cantei;
Pintei;
Esculpi...
Mas, não se esqueça de deixar aqui,
No meu chapéu, sua moedinha!
Pois, no fim das contas,
Senhoras e senhores,
Deste belo e honrado público,
Como qualquer ser humano,
Tudo que quero é ser amado...
sexta-feira, 9 de março de 2012
A Balada do Artista de Rua
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