quinta-feira, 4 de junho de 2015

Bêbado no velório do meu suicídio

Bêbado no velório do meu suicídio
Da Scimmia Macabro

PARANAUÊ!

PARANAUÊ, PARANÁ!!!

Bem lá dentro do breu
Da caixa craniana que habito
Me intoxico com tragos de imagens
Do estourar de bombas, a esmo,
De imbecilidade e cinismo
Para beber à conturbada existência
Da minha alma, que morreu,
Em um tiroteio de sinapses.

PARANAUÊ!

PARANAUÊ, PARANÁ!!!

Já estava acostumado com isso...
Foi com ela a vontade
De quase tudo que me faz mais vivo,
Ocupando, seu espaço,
A precaução e a idade
Para tentar sobreviver ao mundo
Em que as almas são implacáveis.

PARANAUÊ!

PARANAUÊ, PARANÁ!!!

É estranha,
Entretanto,
A metafísica do porre,
Pois, a cada tóxico que trago,
A alma parece revirar-se
Num murmúrio que os demônios percebem
E correm para espetá-la, com deboche,
Em seu sono fúnebre,
Que já não parece eterno.

PARANAUÊ!

PARANAUÊ, PARANÁ!!!

Da cripta, então, sobe uma fumaça,
Na qual involuntariamente me embriago
Em efêmeros movimentos
Que tento reter
Com amargos parágrafos...

PARANAUÊ!
PARANAUÊ, PARANÁ!!!


Dá tempo para tudo

Dá tempo para tudo
Por Macaco Ágil

Em algum lugar,
Escutei, correndo,
Que "dá tempo para tudo"
E a "culpa é sua"...

Trabalhar,
Lavar a louça,
E depois mais um dia
Pagar as contas,
Fazer a dissertação,
Tirar o cocô do cachorro...

E amar?
Trabalhar mais um dia,
Respirar;
Pagar as contas?

Opa!
Espera aí...
Me desculpe,
Depois a gente conversa...