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Das minhas dúvidas
E elucubrações,
Das minhas escolhas e paixões,
Das minhas emoções e revoltas,
Fizeram um rótulo.
Estampando nos jornais
Um modelo inexato,
Contudo disciplinador,
Da minha figura imperfeita,
Porém portadora
De algum charme e mistério.
Embora quisesse falar de verdades,
Queriam, de mim, apenas o vendável,
Que as aventuras e o limitado carisma
Consubstanciariam em estereotipado produto.
Não mais eu,
Nem mais ninguém.
Apenas um modelo
Que não poderia calçar meus sapatos
E ações isoladas
Que perderam o sentido.
Teria eu, quando criança,
Absorvido algum desses clichês
Que se adequasse aos anseios da alma
Em titubeante constituição?
Quem sou eu, então, agora?
Senão a reprodução
Do que esses que hoje me rotulam
Já previam em meu projeto
Antes mesmo de nascer.
Um produto da torpe cultura
Tão livre quanto uma máquina
Destinada ao consumo
E ajustada para não ser.
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2 comentários:
Adorei o poema Bruno. E dificil "parar a roda" ou mesmo dar-nos conta que fazemos parte, muitas vezes involuntariamente, da "maquina".
Obrigado pela visita Thamy! O ser humano é também um animal cultural. Então, inevitavelmente, o que somos é muito do que recebemos de informação das diversas fontes ideológicas a que estamos sujeitos, o que pode ser ruim ou bom, desde que tenhamos a oportunidade de consciência desse fato e escolha quanto às fontes e seu conteúdo, o que nem sempre acontece... Grande abraço a você e ao Andres dos primos Bruno e Charlene e voltem sempre, ao blog e ao Recreio dos Bandeirantes!
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