sábado, 6 de setembro de 2014

Rinoceronte

Rinoceronte

Por Macaco Cronista
Apud Marta Jungle

É como se tivesse
Um chifre na testa,
Que não me foi dado
Por minha senhora.

Aí está ele
A lembrar aos de fora
Quão mau posso tornar-me,
Conforme o tratamento.

Eu sei que incomodo:

A couraça intransponível,
A barriga que aflora,
Os pelos indomados,
O meu temperamento.

Qual a marcha reta e bruta,
Mas, bastante coerente,
Com bramidos econômicos,
Certamente, muito francos,

Pois não tramam o engano,
Não ofendem em entrelinhas
E não visam paralelos.

Todavia, o que peço
Não é tanto e gentilmente:

Que não usem de cinismo;
Que não tolham os meus sonhos;
Que me deixem ser inteiro
E, assim, me respeitando,

Reconheçam os meus feitos;
Não invadam os meus pastos;
Que não pisem nos meus cascos,
Nem me queiram aborrecido,

Para não acordar o monstro...




Nenhum comentário: