sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Patê de lata

Patê de lata
By Sick Monkey

Eu pondero comigo mesmo
Sobre a hostilidade das horas,
Dos pensamentos
E das pessoas.

Imagino a límpida alma da infância,
Incólume, feliz e livre
E, por ela, a lealdade
De quem a amasse.

Na volta à realidade,
A crueza dos fatos choca,
Com a avalanche de uma lama tóxica -

Essa lama que macula minha alma,
Por ter faltado no cuidado com ela.

O verde da mata
Ainda me agrada;
Como a água cristalina
Da enseada

Marcada para a morte
Nas mãos desalmadas
Dos homens de sorte
Em seus negócios.

Eu prefiro o ócio!

Da mirada no vento,
Atiçando as copas
E balançando as vagas
Que devem chegar logo

Aqui, para o divertimento
Gelado, veloz e adrenalizante
Da criança que persiste
Ante o homem rabugento.

Até quando e por quanto,
Contudo,
Haverá essa alegria?

Se nem mais as frutas
Têm um sabor seguro,

Porque recobertas
Do veneno aspergido
Pelos homens de negócios,

Que, no seu lucro,
Não querem sócio?

Desejam escravos,

Os quais se batem
Por uma chance
De segurar, um dia,
Acima da cabeça e do peito,
O chicote.

Eu pondero comigo mesmo:
De que adianta a alvorada
Para isso?

De que adianta o alimento?

E de onde virá o sorriso
Numa vida de gente barata?





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